Carregando a Cruz

     

             E obrigaram a um certo Simão Cireneu a levar a Cruz a força...

  

                Eu não converti ao Cristianismo, sou cristão de berço, com apenas alguns meses de idade vi meu pai dobrar os joelhos ante a minha face, no berço e dizer as seguintes palavras:

               - Deussss, quero que faças desde meu filho, um pregador e pastor no teu evangelho.

              E o tempo passou, e passou o tempo, a oração ficou anotada nos arautos de Deus, e como prova de que NÃO EXISTE ORAÇÃO, NÃO RESPONDIDA, Deus anotou, selou, lacrou e não esqueceu depois de 38 anos daquela oração, veio a minha consagração ao pastorado.

               Numa família de cristãos, a minha avó paterna fez uma oração:

               - Deussss, não me deixe partir desta vida, sem antes ver um dos meus netos, ou filho consagrado ao Pastorado...

              Ela já com noventa e três anos, fui abraça lá, contando deste degrau que a mim fora confiado o pastorado.   Durante toda a minha vida, não fiz outra coisa, a não ser cristão, ser cristão hoje em dia é fácil, basta não matar roubar e prostituir e não mentir, o resto é o resto dá pra seguir.

             Na minha época na ditadura cristã, onde os diáconos eram como guardas evangélicos, éramos vigiados o tempo todo, os diáconos achavam que com isso ganhavam o titulo de policia evangélica e seriam consagrados, diáconos tinham que ter o dedão do pé para poder orar equilibrando na pontinha do dedo parecendo levitar, diácono tinha que ter a cara feia, como se fosse o Iris Rezende, diácono tinha que ser pontual mais que o Iris Rezende, tinha que andar mais rapido que o Iris Rezende, tinha que trabalhar na igreja mais que o Iris Rezende, TUDO ISSO para conseguir a consagração ao Presbitério, mas a melhor ocupação do diácono, era dedurar os erros dos adolescentes, jovens e adultos e era fácil, sabe porque? Porque não podia fazer nada...

              As mulheres não podiam:

              CORTAR O CABELO NEM APARAR AS PONTAS.

              PINTAR OS CABELOS NEM DESCOLORIR.

              USAR BATOM, NEM BRILHO LABIAL.

              PASSAR PÓ DE ARROZ, ROUGE, MASCARA.

              ANDAR DE BICICLETA, MOTOCICLETA.

              VESTIR CALÇA JEANS NEM SHORT.

              CAMISETA SEM MANGA NEM BLUSINHA.

              PRENDEDORES ESCANDALOSOS.

              PULSERA, BRINCO, GARGANTILHA, TORNOZELEIRA.

              SOMBRA, RIMEL. UNHAS POTIÇAS.

              SALTO ALTO, SANDALIAS MUITO EXTRAVAGANTES.

              SAIA CURTA, SAIA LONGA, SAIA JUSTA. SAIA COM RACHADURAS.

     

              Elas podiam respirar e mexer com braço isso podia e só!!  E o que eu fico pensando é que ainda tinha muitas mulheres nas nossas igrejas.

              Os Homens não podia:

              VER TELEVISÃO, USAR CALÇA APERTADA E ATÉ MESMO CALÇA JEANS.

              CAMISA SEM ABOTOAR ATÉ O PESCOÇO E DE MANGA CURTA.

              TINHAM QUE USAR CHAPEU.

              Não podia: JOGAR SINUCA, JOGAR TRUCO, DOMINO, IR NO CLUBE, USAR BERMUDA, CAMISETA CAVADA, JOGAR BOLA, ETC.

               Pensa que era fácil? Era não... ERA uma cruz, e ainda tinha que estar em todos os trabalhos da igreja.

               No domingo era: sete horas da manhã escola dominical, depois da escola ensaio do conjunto de jovens, depois, ensaio da banda de musica, depois culto ao ar livre, depois culto à noite, e acabava o domingo, o tempo livre era para distribuir folhetos.

               Durante a semana acordava seis horas da manhã com o culto domestico, todos os dias jejuar até o meio dia e a noite ir a igreja, estudar a bíblia, ler a revista dominical  evangelizar... E assim, eu carregava a cruz, ouvindo meus amigos falar: " crente do ... quente"             "p.. no senhor"              "olha o crentinho"... 

              E por ai vai as criticas de amigos que iam ao domingo para o clube, eu ia para a igreja sentar no banco duro frio e EM jejum, está era a cruz que me fora posta aos ombros, no meu, e dos meus quatro irmãos.

              

                    No evangelho de Marcos diz: E eles obrigaram a um certo Simão Cirineu, que por ali passava, vindo do campo, pai de Alexandre
e Rufo,  a carregar a cruz  a força...
(Marcos 15:21)

           

              Simão da cidade de Cirene ao sul da África, com toda probabilidade negro... Voltava do campo, trabalhara a noite toda guardando o rebanho do seu patrão, o que ele mais queria era dormir e descansar, quando votava para entrar na em Jerusalém, depara com a via dolorosa da crucificação.

               Lá estava o Cristo, oito e meia da manhã, levando chibatadas do soldado romano ensangüentado, uma multidão gritando “crucifica-o” Simão depara com a cena, ele não sabia o que estava acontecendo, não ia se meter, queria passar ao largo, chegar rápido em casa e descansar da jornada, ao tentar passar despercebido é confrontado por um soldado romano ESBRAVEJANDO:

               - HEI você ai, ajuda este homem a levar a cruz...

               - Não, eu não tenho nada com isso!

               - Olha aqui, ou você ajuda ou vai levar umas chibatadas também, seu negro!!

                (África fora muito prendada desde os tempos remotos com a escravatura, visto que um judeu não podia por a cruz nos ombros, pois seria considerado maldito, e um soldado romano nem colocava as mãos na cruz, sobrou para um provavelmente escravo de algum judeu de Jerusalém e este seria SIMÃO CIRINEU)...

                 Simão para, olha Jesus ensangüentado, aquele olhar, comove o coração de Simão e este coloca a cruz sobre os ombros, e começa a caminhar, logo atrás vem Jesus encurvado, pouco roupa, toda manchada de sangue, a coroa de espinhos na cabeça e o sangue mistura com o suor do cansaço de uma noite toda, ambos sem dormir tendo que subir ladeira a cima para ser crucificado nela a CRUZ.

                Simão dava alguns passos,  olhava para o ensangüentado como se dissesse vem, vamos, força e prosseguia no que parecia a crucificação ser o desccanço do fardo, os cravos em suas mãos lhe fará descansar, logo tudo vai ficar bem, a dor vai ser terrível, mas isso tem que acabar logo... dizia em pensamentos Simão Cireneu...

                Terminado o trajeto Simão volta para casa e narra o ocorrido a sua esposa:

                 - Bem, o olhar daquele homem me comoveu, ele era inocente...

                Simão sai ao encontro dos discípulos, lhe é contada toda a historia do evangelho, ele entende e resolve a aceitar a Jesus como seu salvador, E A CRUZ QUE LHE FORA POSTA A FORÇA NOS OMBROS, ELE ABRAÇA COMO SUA TAMBEM.

                Depois da sua conversão,  Simão ganha liberdade do seu patrão e faz uma viagem a sua cidade natal, lá ele leva a mensagem da CRUZ prego o evangelho da CRUZ, e a cruz que ele carregou a força torna sua historia de trunfo, e converte vários amigos de Simão Cirineu, e a Cruz que lhe fora posta a força nos ombros, ele passa para os irmãos, amigos e parentes e no capitulo 13 do LIVRO de ATOS encontramos SIMÃO NEGRO COM SEUS PATRICIOS CARREGANDO A CRUZ DO EVANGELHO, CHAMADOS LUCIO E MANAEM...

               A CRUZ QUE ESTE HOMEM CARREGOU A FORÇA TORNOU O livre, e fez dele um evangelista, que ganhou almas para o evangelho de Cristo na sua cidade natal.  Existem registros na historia secular, de uma igreja em Alexandria, que fora fechada e executada alguns membros, entre eles estavam o pastor dirigente Alexandre e seu irmão Rufo QUE NÃO NEGARAM a Jesus, pois diziam:

             - A CRUZ QUE MEU PAI CARREGOU A FORÇA, AGORA É NOSSA TAMBEM, E VAMOS LEVAR ATÉ O FIM, ATÉ POR UMA COROA TROCAR. E partiu desta vida por amor a cruz de Cristo.

             Em Romanos 16.13 O Apostolo Paulo saúda a Rufo e  chama a mãe de Rufo como sua mãe também. 13 Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha mãe também...

             Vejam só, o Maior vulto do novo testamento, chama a esposa daquele que carregou a cruz a força, como sendo sua mãe, devido esta grande serva do Senhor compartilhar com os sofrimentos de Paulo em prol o envangelho pois dizia ela:

            - A Cruz  que meu esposo carregou a força, eu abraço também como minha, e o que eu puder fazer por este evangelho da cruz, farei até fim.

            A  cruz de Cristo não é sofrimento, é realização e causa para viver, aquEle que não pegou uma espada e pregou o amor, não fez guerra, encontra escritos na historia de muitos homens que deram suas vidas por ele, a cruz que Cristo carregou, que fora posta nos ombros de Simão a força, a cruz que Pedro correu dela, ficou escondido na fogueira e negou conhecer o crucificado, este mesmo Pedro quando viu a coragem e ousadia de um certo Simão cirineu, foi forçado a deixar o evangelho da cruz, disseram a Pedro:

           - Você é o que teve medo da Cruz não é?...   Ou você nega este evangelho, ou vamos te crucificar na cruz da qual você correu...

           Pedro respondeu:

           - Nãooooooooooooo, não me coloque na cruz  como Cristo foi crucificado não... Mas  me ponha pregado nela de cabeça para baixo, porque igual a ELE eu não sou digno, que medo da cruz o que rapá!!

Segundo os historiadores, o Apostolo Pedro foi crucificado de cabeça para baixo
pois dizia: NÃO SOU DIGNO DE SER CRUCIFICADO COMO JESUS...

           CRUZ?     Éla é Minha...
             Meu pai colocou nos meus ombros ainda no berço, eu pego , levo, que venha os vendavais, que venha os tropeços, ela é minha, eu não a corto, eu abraço,  sigo com ela, podem me zombar dizer que sou um crentinho, mas a cruz que meu pai  pois no berço quando eu era apenas um bebê, é minha.      
                Hoje ninguém mais, me obriga a carregar-la, mas NÃO A DEIXO ela É MINHA TAMBEM.